A SOPA DE LETRINHAS DIGITAL
JPEG, RAW, TIFF, Exif, Jfif, Dpof, Iptc…
Texto: Rogerio Justamante Sordi
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É certo que a tecnologia criou mais uma categoria de analfabetos: os que não sabem lidar apropriadamente com a informática.
E o profissional da imagem não está a salvo dessa armadilha. Se não souber exatamente para que serve cada formato de arquivo, o fotógrafo corre o risco de ver suas imagens desaparecerem como num passe de mágica, ou simplesmente se desmancharem aos poucos, conforme forem sendo sucessivamente manipuladas ou utilizadas de forma imprópria.
Pior. O trabalho de toda uma vida pode simplesmente tornar-se…. obsoleto. Exatamente, a tecnologia tem hoje uma dinâmica agressiva que, a pretexto de otimizar a utilização, encurta a “vida útil” de arquivos que não são padronizados, ou que não são universais.
Lembre-se daqueles textos de dez ou quinze anos atrás, digitados em arcaicos editores que hoje estão extintos. Provavelmente você terá pouca ou nenhuma chance de recupera-los simplesmente por não haver compatibilidade com os novos programas.
Com as imagens ocorre da mesma forma. Tudo é uma questão de “falar a mesma língua”, e, portanto, você precisa saber como funciona a tecnologia para poder escolher qual o formato correto, ou menos perigoso, para o seu trabalho.
Jpeg: O Protagonista
Hoje em dia podemos encontrar em qualquer equipamento digital ou programa a opção de arquivamento no formato Jpeg, ou .Jpg . É na verdade o grande padrão dos programas que lidam com imagens.
E não é à toa: é um formato ágil, leve e comum. Todos os equipamentos o disponibilizam.
Tudo isso se deve à sua concepção e a normas padronizadas de funcionamento.
Essa padronização surgiu por iniciativa da International Organization for Standardization – ISO, a mesma que estabeleceu os padrões de sensibilidade para os filmes fotográficos.
Essa organização criou no início dos anos 80 um grupo de estudos, sob o código de denominação TC42. Mais tarde esse grupo, incumbido de criar um formato universal para imagens digitais, de ampla aplicação, passou a se denominar Join Photographic Expert Group, ou JPEG, nome que passou a designar o conjunto de normas e tecnologias de codificação/decodificação para compressão de arquivos digitais.
Como funciona a compressão Jpeg
A concepção desse formato é a mesma dos arquivos de música MP3: tudo que o olho não percebe (o ouvido no caso do MP3) é eliminado sem piedade. Assim, a área de uma foto que é azul – como no céu – com nuances e tons muito similares é imediatamente transformado em um algoritmo que representa a média desse tom de azul.
É claro que essa compressão passa despercebida, pois o olho reconhece muito mais a densidade da imagem (contraste, forma, etc) que a cor e suas pequenas variações, tornando o excesso de informação descartável para a finalidade de representar um céu azul para o observador.
Na codificação da imagem, o processo Jpeg agrupa os pixels de cor muito próxima ou idêntica. Esse agrupamento passa a ser representado por um algoritmo matemático.
A sutileza do agrupamento é determinada pelo fator de compressão: quanto menor o número, maior a diferença agrupada, com a conseqüente perda de qualidade por causa do descarte de informações sutis (aproximação das diferenças).
Nas câmeras, o fator de compressão geralmente aparece em três níveis: Fine, Normal e Basic. Já nos computadores aparece uma escala de qualidade gradual, geralmente de 0 a 10. Essa escala determina o nível de tolerância aceitável para o reagrupamento das cores adjacentes por pacote.
Essa também é a razão porque o tamanho do arquivo gerado por duas fotografias com exatamente as mesmas definições de execução podem diferir no tamanho, ou seja, quando maior o detalhamento e variação da imagem, menor será a possibilidade de compressão, restando preservadas as informações originais.
Um grande destruidor
Essas três gradações de compressão não evitam a perda de informações, inerente ao processo de compressão.
Tomando-se por base o fato Basic existente nas câmeras, que equivale à regulagem mais acentuada (de 0 a 4 em programas como o conhecido Adobe Photoshop), a codificação será realizada agrupando-se em um único pacote cores que tenham maior diferença entre si. Equivale a dizer que as cores serão representadas pela “cor predominante”, e não pela cor média.
Os detalhes finos da imagem, mais sutis, correrão o risco de perder a definição. Por outro lado, o processo de compressão é programado para preservar mais certas informações, como textura de pele sob o flash, mas estas também restarão prejudicadas, em razão da inexorabilidade do sistema.
Esse formato é considerado destrutivo porque todo o resto das informações será deletado, mesmo depois da decodificação, ao contrário de outros que transcrevem pixel por pixel , como Raw, Tiff, etc.
Mas esse processo poderá ser amenizado utilizando-se a regulagem de compressão de alta qualidade (Fine para as câmeras, ou regulagem de 7 à 10 em aplicativos), o que se estabeleceu praticamente como regra para a realização de fotografia profissional. Há exceções que veremos a seguir.
Mas cuidado, por mais que a regulagem em alta qualidade comprima somente um pouco as suas imagens (algo em torno de 60% do tamanho original), os programas aplicativos (editores de imagem) repetirão o mesmo processo a cada comando “salvar como”, resultando nos mesmos efeitos do arquivamento em qualidade Basic ou baixa qualidade (alta compressão), o que reduz o tamanho da imagem bruta a cerca de 20% a 30% do volume original !
Resumindo, sucessivas codificações rebaixam as diferenças de agrupamento, aproximando as cores e erradicando informações sutis de forma irrecuperável, o que causa a rápida perda de definição da imagem original.
Portanto, em caso de retoque ou manipulação digital da foto, é fortemente aconselhável salvar seu arquivo em formato .psd (Photoshop), Tiff, ou o formato residente do seu editor.
O Jpeg tem sobrenome
Exif, Jfif, Dpof, Iptc…
Inicialmente, o grupo JPEG estabeleceu as normas gerais do processo de compressão, objetivando a aplicação ampla e genérica das imagens digitais. Isso se deu na década de 80, quando as imagens digitais engatinhavam, e nem se pensava em textura e movimento, por exemplo.
Com a ampliação das aplicações, e criação de novos vetores de desenvolvimento (aplicações especializadas), foram sendo agregadas novas informações suplementares a cada arquivo, de forma a atender uma determinada aplicação.
O corpo principal do formato foi mantido, mas ampliado para atender cada nova necessidade, passando a incorporar várias informações sobre a imagem.
Com o passar do tempo, formaram-se duas novas grandes famílias, ambas de formato Jpeg: o Exif, utilizado em câmeras digitais, e o Jfif, existentes nos aplicativos.
Posteriormente, dois outros tipos complementares foram acrescentados: o Iptc, que é bastante utilizado para legendagem de fotos digitais pela imprensa; e o Dpof, que é um standard presente na maior parte dos equipamentos digitais, com o objetivo de facilitar o comando de impressão de imagens digitais, diretamente a partir do aparelho utilizado.
As normas relativas ao Jpeg Exif foram elaboradas pela associação dos fabricantes de equipamentos de foto digital, a CIMA. É um conjunto de normas privadas, em constante evolução, e sua última versão, presente nos equipamentos de última geração, são as especificações Jpeg Exif 2.2, ou chamada simplesmente de ExifPrint.
Esse arquivo pode gerar mais de 80 grupos de informações agregadas que são gravadas quando a imagem é gerada no equipamento, como data e hora do relógio do equipamento, as regulagens utilizadas (abertura/diafragma, flash ou não, foco…) e o tipo de equipamento utilizado.
Já a ExifPrint incorporou informações de regulagens de cor, o que permite reconhecer qual impressora é compatível, aperfeiçoando as regulagens automaticamente em função da origem do arquivo. Permite impressão direta a partir da câmera, portanto.
O Jpeg Jfif é muito mais preciso para a definição dos campos de etiquetas, mas cada programa de edição acaba flexibilizando suas definições, não sendo padronizadas. É possível até mesmo reconhecer qual o aplicativo de geração do arquivo pela leitura dos campos de etiquetas.
Mas os Jpeg Jfif não se limitam a informações de equipamentos. A Adobe, com o Photoshop a partir da versão 7.0, e Elements 2.0, passou a utilizar esse recurso para inserir informações cruciais sobre cores, o grande avanço do momento, disponibilizando inclusive a consulta através do aplicativo (menu “Imagens/Informações”).
Outra grande vantagem é a inserção, pelo próprio fotógrafo, de seu registro (ou “copyrigt”) através da utilização do Jpeg Jfif com o formato agregado Ipct.
Algumas câmeras já oferecem o recurso, geralmente para amadores, de seleção de imagens no próprio aparelho, cujo cartão de memória pode ser diretamente entregue a um minilab digital, utilizando-se do formato Jpeg Exif Dpof.
Porém, é preciso muita atenção para manipular essas imagens. Se um usuário descuidado simplesmente comandar um “salvar como”, sem especificar as informações agregadas, elas serão irremediavelmente destruídas.
Isto porque o aplicativo entenderá que o uso será o previsto originalmente, basicamente o mais leve possível, como para a Internet, e tenderá a salvar seu arquivo no formato mais leve.
O Photoshop 7.0 disponibiliza a opção de “salvar para internet”, que permite gerar uma cópia do arquivo da forma mais leve possível, para a publicação otimizada em páginas da Internet, sem qualquer informação agregada.
Tipo do arquivo
Extenção usual Uso na
internet Foto Arquivo Vantagens/
Desvantagens
JPEG ERI (Kodak) Novo formato que utiliza base de compressão Jpeg proposto como “negativo digital” pela Kodak para a DCS-14n
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* + compressão otimizada
+ grande dinâmica (14 bits)
– trabalhado com programa específico
– futuro incerto (arquivamento)
JPEG EXIF (.jpg) CIMA (Camera and Imaging Product Association) Outras denominações: Exif 2.2 ou ExifPrint, Pim. A base do arquivo utilize uma compressão Jpeg (ISO), mas a designação Exif atende às normas destinadas aos membros da CIMA
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(para resolução inferior a 640 x 480)
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* + registra informações suplementares, como abert., veloc., falsh, data, etc)
+ arquivo de fábrica das maiores marcas (Nikon, Cânon, Olympus…)
– Compressão pode ser altamente destrutiva em compressão máx em alguns programas.
JPEG 2000 (.jp2) O Jpeg 2000 foi desenvolvido pela comissão Jpeg no I3A, sob as normas ISO específicas para fotografia
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(não compatível com navegadores)
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* * + forte compressão sem perda de qualidade visual
+padronização em implantação
– pouco compatível (uso relativo na internet)
FOVEON (.x3f) Sigma/Fóveon. Formato bruto de captura de dispositivos Foveon
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* + imagem sem perda de informação, compressão ou destruição
– exige programa Sigma PhotoPro
Nikon RAW (.nef) É o Raw na versão Nikon, editado com o programa específico Nikon View e Nikon Capture, ambos fornecidos com as câmeras Nikon que oferecem essa opção de captura
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* + captura do CCD sem compressão/destruição
+ reconhecido pelo Adobe PhotoShop Raw (pacote da Adobe)
– editado e aberto pelos programas da Nikon
– pouca padronização
Raw (Outras marcas de câmeras digitais) Cada marca de modelo possui sua própria versão de Raw, editado com seu próprio programa. Atenção para as incompatibilidades de utilização.
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* + captura do CCD sem compressão/destruição
+ reconhecido pelo Adobe PhotoShop Raw (pacote da Adobe)
– cada marca tem seu programa de edição específico
– não é padronizado entre as marcas
O velho formato, rejuvenescido: Jpeg 2000
Como o Jpeg tornou-se o padrão de envio de imagens pela internet, não é de se estranhar que continuasse a evoluir com a chegada de novas tecnologias.
Foi o que aconteceu com a chamada internet móvel, presente na telefonia celular e atualmente em grande fase de expansão no Brasil.
Essa nova demanda de consumo provocou o aperfeiçoamento da compressão até então regida pelas antigas normas Jpeg, e, em 1999 deu origem a um novo conjunto de normas denominado Jpeg 2000, desenvolvido pelos membros do antigo grupo JPEG que ainda permanecem em atividade e contribuindo para o desenvolvimento do novo processo de compressão.
Esse aperfeiçoamento tinha o objetivo de diminuir as falhas ocasionadas quando as imagens são processadas em Jpeg com grande compressão, o que se conseguiu com o aperfeiçoamento dos algoritmos, melhorando a eficácia.
Na verdade, esse aperfeiçoamento não diminuiu o peso das imagens, mas melhorou a qualidade em alta compressão a ponto de ser comparável às de baixa compressão.
O resultado foi o mesmo, pois as imagens são transmitidas com maior velocidade, pois tiveram seu peso diminuído de 3 a 8 vezes.
O ganho teve seu preço, já que algoritmos mais sofisticados exigem maior número de cálculos, tornando o processo mais lento, o que se espera remediar com equipamentos com maior capacidade de processamento e rotinas de processamento totalmente novas. Mas isso já é outro capítulo.
A conseqüência é que o novo formato ainda não pôde ser implementado, em razão das dificuldades técnicas, cuja solução poderá levar alguns anos ainda.
Nesse rastro, os navegadores e a maior parte dos programas destinadas à Internet simplesmente não lêem esse formato, que ficou restrito a alguns aplicativos específicos de alto custo, como o Photoshop 8.0, com o módulo Raw, e Graphic Converter, ou mesmo a transmissão via satélite de alto padrão, como no foto-jornalismo.
No dia-a-dia, esse formato simplesmente não existe, e encontrará forte resistência, ainda depois que a HP (Hewlett-Packard Company) determinou que seus laboratórios pesquisassem um formato Jpeg de maior rendimento, que recebeu o nome de Jpeg LS (norma Jpeg Loco ISO-14495-1/ITU-T.87).
Assim, o Jp2 corre o risco de nascer morto.
Apressado come crú
Com o rápido desenvolvimento da fotografia digital nos últimos anos, a demanda dos fotógrafos profissionais, capitaneados pela indústria jornalística, passou a exigir dos fabricantes de câmeras um formato não-destrutivo de armazenamento das imagens, que fosse mais rápido e ágil que os até então existentes.
Assim, cada fabricante investiu em um processo não-compressivo, que transcrevesse a imagem com algum processamento, pixel-a-pixel, sem gerar grandes massas de dados.
Por se tratar de iniciativa sem coordenação, impulsionada pela concorrência de mercado, surgiram vários formatos sob a mesma designação: Raw (em português “cru”)
Introduziu-se com isso a idéia de “negativo digital”, idéia ainda mais atraente em se tratando de preservação de direitos autorais.
O conceito principal é a reprodução da imagem o mais fielmente possível da captada pela câmera, sendo qualquer modificação possível somente no computador, o que causa a modificação do arquivo, que terá de ser armazenado em outro formato, preservando-se o “original”.
Nos primórdios da imagem digital, a leitura pixel-a-pixel era armazenada em arquivo Bmp, ou Bitmap (mapa de pixels), gerando arquivos volumosos. Desse formato só restou o conceito.
Os novos arquivos crus são a transcrição de um novo tipo aparelho de captação, o CCD, ou CMOS, ou Fóveon. Qualquer que seja a tecnologia, o princípio é sempre a transcrição em informação eletrônica da variação da captação da luz e cor através de minúsculos diodos, agrupados em uma superfície. Cada diodo é representado por um pixel. A forma como são transcritos esses impulsos aperfeiçoou-se radicalmente nas últimas duas décadas, dando origem ao Raw.
Hoje os arquivos Raw são otimizados pela informática embarcada nas câmeras, com aperfeiçoamento de sensibilidade, correção de cors, níveis, grãos, etc.
Ou seja, apesar de ser exatamente a captada pelo equipamento através da lente, a imagem resultante é processada e aperfeiçoada para aproximar-se do resultado analógico.
Porque então o Raw não se tornou o formato padrão das câmeras?
É um conceito atraente, mas ainda limitado. O obstáculo é a versatilidade de um formato que ainda gera arquivos de 3 a 4 vezes o tamanho de um Jpeg em baixa compressão.
Para atingir a mesma performance do Jpeg, deveria dispor de equipamento de 3 a 4 vezes mais rápido, inclusive cartões de gravação, o que torna os custos proibitivos. Ainda assim, se disponíveis tais equipamentos, o Jpeg continuaria sendo mais rápido se utilizado nessas câmeras, com resultados muito próximos.
A solução foi a captura Raw, e arquivamento no equipamento no formato Jpeg-Exif, que disponibiliza todas as informações de disparo.
Mas essa tecnologia não é padrão entre as marcas, que são concorrentes, e as fotos só podem ser abertas, em princípio, nos aplicativos (softwares) fornecidos pelo fabricante das câmeras, apesar de alguns desenvolvedores de editores de imagem já terem disponibilizados dispendiosos “pacotes” de conversão, como a Adobe e SylverFast.
Resumindo, cada marca determinou seu padrão, que pode ser alterado conforme o rumo da tecnologia disponível.
Não se apresse em arquivar todas as suas fotos em Raw, pois a idéia de um negativo digital ainda é um pouco utópica.
Concluindo, para imagens de alta qualidade, dispare em Raw, mas salve em Tiff, por exemplo, que é um arquivo estável.
É possível o caminho inverso?
É fácil imaginar a codificação de uma imagem, notadamente as chamadas imagens “destrutivas” que se desfazem sem qualquer cerimônia de informações originais da imagem.
Porém, é possível o caminho reverso, que não se confunde com a pura e simples decodificação?
Para esclarecer, decodificação não é a simples reversão de um processo, mas a leitura a partir de um arquivo composto em determinado formato. Por isso, as normas de um formato devem contemplar a forma de leitura, ou decodificação.
Já a reversão do processo, ou transformação de um arquivo em outro formato dependerá das informações nele contidas, e a existência de aplicativos que compatibilizem sua leitura, também conhecidos com filtros, ou pacotes (packs) de leitura.
Partindo-se de um arquivo Jpeg, desnecessário dizer que essa reversão do processo é impossível, já que a maior parte das informações foi perdida na compressão.
Porém, em arquivos não-destrutivos, como Tiff, há a possibilidade transformá-los em outro formato, ainda mais após manipulação em editores de imagem, que agreguem novas informações.
É o caso do Photoshop, que cria um novo arquivo com as informações de manipulação com extensão .psd , exclusivo daquele aplicativo. Assim também acontece com o CorelDraw, da Corel, e tantos outros.
Mas essas novas informações referem-se ao trabalho realizado sobre a imagem comprimida, já com a perda de dados importantes sobre a integridade do original. Assim, se o usuário decidir imprimir em tamanho maior do que o formato de que dispõe, terá que lançar mão de um artifício: a interpolação de pixels.
Esse recurso nada mais é do que a criação artificial de novos elementos, a fim de preencher espaço na superfície da imagem, “reinventando” eventuais dados originais.
A interpolação varia de acordo com o grau de sofisticação. A mais simples é a pela Proximidade (ou “Nearest Neighbor”) que simplesmente duplica o pixel vizinho, sem qualquer alteração. A interpolação intermediária é denominada de Bilinear, que igualmente copia o pixel vizinho, mas o aproxima dos adjacentes por aproximação, e também é o de melhor relação qualidade/velocidade. Já a mais sofisticada é a Bicúbica (“Betteer/Smooth”), e lança mão de algoritmos avançados para criar novos pixels por aproximação em relação aos peixels vizinhos, criando um degradê perfeito ao olho humano.
Digerindo a sopa de letrinhas
Agora que a procissão de siglas começa a criar alguma ordem, é preciso saber como escolher o formato mais útil.
Desnecessário dizer que dependerá da aplicação final da imagem, como tudo em fotografia, pois disso dependerá a decisão de qual o fator mais importante para o trabalho: se a velocidade para a realização da foto, a precisão da imagem, sua integridade, ou mesmo a possibilidade de inserção de dados suplementares na foto, como o “copyright”, tão apreciado em fotos autorais, publicitárias ou com finalidade de publicação comercial.
De longe, a opção mais universal e prática, largamente utilizada hoje em dia é o formato Jpeg Exif em baixa compressão (alta qualidade), pois permite a formação de imagens rapidamente, em arquivos leves que são gravados sem maior demora, e ainda com a vantagem de comportarem informações suplementares valiosas, como os dados do disparo (abertura, velocidade, equipamento, balanço de branco, etc.).
Além disso, é um formato criado por uma organização oficial, e não por um fabricante, o que garante que seguirá um padrão amplamente utilizado, e portanto compatível inclusive com programas mais avançados que venham a ser ofertados no futuro.
Mas as outras opções também são igualmente válidas. O mercado de publicidade vem adotando tanto o Raw como o Tiff, por serem formatos estáveis e não-destrutíveis. Além disso, possibilitam trabalhos de alta qualidade.
Com certeza, se o objetivo é qualidade, escolha o Raw, mas assim que terminar seu trabalho, grave as imagens em um formato não-destrutivo, de preferência o Tiff se não pretender manipula-las. Caso deseje alterá-las ou retocá-las, dê preferência para o arquivamento no formato específico do editor de imagens, como o .psd do Photoshop, ou drw do CorelDraw.
A gravação em CD como um “negativo digital” é indispensável, tanto quanto a preservação de seu negativo analógico. Assim você terá sempre o seu original a partir do qual poderá trabalhar ou copiar.
Mas não podemos desprezar o Jpeg, afinal de contas é o formato mais utilizado em função da internet.
E é justamente nesse ambiente que ele encontra o seu reino, pois em tempos de pirataria digital é bastante prudente salvar suas imagens em baixa qualidade ( de 1 a 4) e em formato sempre pequeno, como 600 x 800, pois isso inviabilizará a cópia para impressão. Não há necessidade de grande resolução. Ao contrário, a resolução para impressão é cerca de 300 DPI, enquanto que a de vídeo não passa de 100 DPI na melhor das hipóteses.
A solução resolve dois problemas: não congestiona a caixa de mensagens de seus destinatários em caso de correio, e não torna lenta a carga das páginas em razão de imagens pesadas.
Por último, a Microsoft acabou por criar um ou formato que pode ser adotado também para as imagens em internet. Trata-se de .pdf, extensão usada pelo AcrobatReader, lançada há pouco tempo, mas que vem ganhando público.
Não é padronizado oficialmente, mas como seu distribuidor vem estabelecendo monopólio de fato sobre o trânsito na internet, pode-se esperar que seja de grande compatibilidade. No entanto, resta saber se o fabricante, em razão do pouco respeito que tem demonstrado com o consumidor, não decidirá alterar substancialmente seus códigos, o que não o recomenda para arquivamento de longo prazo, mas tão só para o envio pela internet quando o objetivo é não permitir alteração posterior ou cópia de partes separadas da integralidade do arquivo.
De qualquer forma, nada melhor para a preservação da memória de suas fotos do que o bom e velho papel, que resistirá até mesmo a uma guerra nuclear, por constituir um ótimo isolante térmico. Só não é a prova de insetos. Mas daí já é um capítulo diferente.
FORMATOS DE ARQUIVO E DE DIVULGAÇÃO
Tipo de arquivo, Extenção normal Uso Internet Fotografar Arquivar Vantagens/Desvantagens
JPEG (.jpg ou .jpeg) Regulamentação ISO. Atualmente estudada pelo grupo de trabalho Jpeg, essa versão dispõe de opção de progressividade de exibição na tela. Esses arquivos são livres de qualquer etiqueta de imagem ou descrição para torná-la o mais leve possível
* *
(em baixa resolução e compressão 2 à 4)
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* + Função de progressividade de exibição na tela
+ Standard “obrigatório” nos navegadores
– compressão pode ser altamente destrutiva
– Arquivamento/retoque delicado (destruição adicional)
PCD PHOTO CD
(.pcd)
–
–
* * + formato comprimido não destrutivo
+ sistema bastante utilizado
– tecnologia proprietária Kodak (licenciada para a Adobe)
– Sem modernização/evolução
FLASHPIX (Kodak)
(.fpx)
–
–
– – formato de tecnologia muito moderna (resolução variável) mas que não recebe qualquer suporte do fabricante
GIF Ancestral da difusão de imagens pela Internet, o GIF é hoje muito utilizado apesar dos limites de uma outra era.
* *
–
– + formato oferece possibilidades de animação
+ palheta de cores personalizada
+ leitura standard nos navegadores
– limitada a 256 níveis de cores
PNG Adobe (Portable Network Graphics) Novo formato suportado pelos programas Adobe, oferece as vantagens combinadas do Gif e do Jpeg.
* *
–
– Trabalho de normatização ainda sendo realizado para atender a difusão de imagens na Web.
POSTSCRIPT (.eps) Adobe
–
* * É o formato preferencial para todas as imagens destinadas a fotogravura. Convertendo a imagens coloridas em EPS, o perfil passa do modo RGB para JMCN (Separação de Cores), que possui maior gama de tons compostos.
PDF Portable Digital File (.pdf) Adobe. O PDF foi criado para substituir em mais ou menos pouco tempo as imagens EPS alocadas nas páginas de programas PAO. É opção de formato escolhido para publicar formulários na Internet
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* * + um só arquivo para cada documento, integrando as fotos, ilustrações e texto, com garantia benéfica
+ taxa de compressão e definição variável, adaptada automaticamente à utilização.
+ formato seguro (possibilidade de impedir modificações)
FOCUS ESCOLA DE FOTOGRAFIA
http://www.escolafocus.net
DESDE 1975